APA da Lagoa das Pedras: comemoração e desafios com criação da nova unidade de conservação

APA da Lagoa das Pedras: comemoração e desafios com criação da nova unidade de conservação

Quarta área de Proteção Ambiental de Campos foi criada recentemente após sanção do prefeito Wladimir Garotinho

Campos ganhou recentemente a sua quarta Área de Proteção Ambiental, a APA da Lagoa das Pedras. Localizada na área de Guarus, ela engloba uma extensão de 582 hectares, incluindo seu corpo hídrico, remanescentes do entorno. A criação da unidade tem o objetivo de proteger o recurso hídrico, a flora de sua vegetação ciliar e aquática, sua fauna e a paisagem natural, compatibilizando seu uso pela comunidade com a conservação da sua biodiversidade.

O projeto de criação da APA, de autoria do vereador André Oliveira (MDB), que também é servidor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), foi aprovado em plenário em agosto último e sancionado no mês seguinte pelo prefeito Wladimir Garotinho (PP). Com o ato, Campos soma agora quatro APAs: além da Lagoa das Pedras, o município tem a APA da Lagoa de Cima, a APA do Morro do Itaoca e a APA do Lagamar, esta última em Farol de São Tomé, além do Parque Municipal Natural do Taquaruçu.

O pontapé inicial para a criação da APA da Lagoa das Pedras foi dado foi em 2018, quando Conselho Municipal de Meio Ambiente e Saneamento (COMAMSA) recomendou a elaboração de estudos preliminares para criação da unidade. Os estudos prévios foram realizados, mas, na ocasião, o processo não foi continuado.

De acordo com o ambientalista Roger Coutinho, também servidor da SMMA e personagem atuante em todo o processo, “para os moradores das áreas próximas, as mudanças serão positivas, pois, com a criação da unidade de conservação, poderão ser implementados investimentos de infraestrutura de proteção, visitação e segurança, dentre outros”.

O ambientalista observa que “a APA é uma área protegida para uso sustentável, monitorada pelos órgãos ambientais, em especial pela Guarda Ambiental Municipal (GAM)”. Ele destaca que a educação ambiental em relação à unidade será elaborada e posta em prática brevemente.

Alimentada pelas chuvas, por infiltração das águas do Rio Muriaé e pelo Canal do Jacaré, que também leva água do Muriaé em épocas de grandes cheias, a Lagoa das Pedras já começa a sofrer pressão de comunidades urbanas. Caso dos moradores dos bairros Lagoa das Pedras e Santos Dumont, que ficam próximos ao corpo hídrico. Mas a maior extensão de suas margens ainda fica longe das áreas residenciais, cercadas, em sua maioria, por propriedades rurais. Em alguns trechos das margens ainda é possível ver remanescentes da Mata Atlântica, que costumam atrair espécies típicas de sua fauna.

“Cabe destacar que uma unidade de conservação não só necessita do trabalho de educação ambiental para garantir sua preservação, bem como torna-se, pelas suas características intrínsecas, um perfeito instrumento de educação e promoção da cidadania ambiental. É comum na educação ambiental a frase: ‘Conhecendo para preservar’”, observa Roger Coutinho.

Sobre a possibilidade do desenvolvimento de ações para recuperação de fauna e flora na área da APA, “a questão será devidamente tratada no estudo de elaboração do Plano de Manejo da unidade, quando será feito um diagnóstico pleno da unidade, contemplando fauna, flora e também os usos antrópicos (feitos por humanos). O prazo para elaboração é de cinco anos, com a posterior publicação.

Para o propositor do projeto da unidade, vereador André Oliveira, que falou com exclusividade ao site Rio Interior, a criação da APA da Lagoa das Pedras é parte da realização de um antigo sonho. Consciente de que o processo de conscientização de todos os envolvidos em maior ou menor grau com o ecossistema representa um grande desafio, ele considera-se feliz com os passos firmes que vêm sendo dados nesse sentido.

“Fiquei satisfeito com a aprovação pela Câmara Municipal e a sanção do prefeito Wladimir Garotinho do projeto de lei que transforma em APA a Lagoa das Pedras. É uma unidade que protege e conserva a natureza do local e do seu entorno. A lagoa é um importante ecossistema regional que necessita de cuidados. Como servidor público do Meio Ambiente, acredito ser fundamental evitar a degradação causada pela ação do homem nesse delicado ecossistema”, afirma André Oliveira.

O parlamentar vislumbra um tempo em que as comunidades terão a devida compreensão da importância de se ter um papel mais ativo na preservação ambiental. “O objetivo da criação APA da Lagoa das Pedras vai muito além da questão da preservação ambiental. Queremos que a comunidade seja integrada ao trabalho e que esteja inserida no processo de transformação da consciência. Somente desta forma irão todos perceber a relevância do projeto pensado lá atrás e das oportunidades que surgirão a partir da sua consolidação, tendo todos como agentes transformadores”, concluiu André Oliveira.