Após privatização, ações da Eletrobrás caem 8,5% em 1 ano

Após privatização, ações da Eletrobrás caem 8,5% em 1 ano

Passado um ano da privatização da Eletrobras, as ações da empresa registraram uma queda de 8,5%, contrariando as previsões iniciais de especialistas.

Essa variação não considera os dividendos distribuídos pela empresa no período.

Vendidas a R$ 42 em junho do ano passado, as ações da companhia elétrica fecharam esta quarta-feira (14) em R$ 38,44 por volta das 10h desta quarta-feira (14).

A queda no preço das ações não significa, necessariamente, que os investidores tiveram prejuízo. Isso só acontece se eles resolverem vender (resgatar) sua participação na companhia em um momento que o preço estiver abaixo do momento da compra.

A privatização da Eletrobras foi proposta pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro via medida provisória, que foi aprovada com alterações pelo Congresso em junho de 2021. O texto foi convertido em lei em julho daquele ano com a sanção presidencial.

Analistas avaliam que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta reverter a privatização da Eletrobras, influenciaram negativamente o despenho das ações (veja mais abaixo nessa reportagem).

Pelas regras do processo de privatização, quem investiu seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pode fazer o resgate doze meses após a aplicação, ou seja, a operação já está disponível.

Os recursos, porém, voltariam para sua conta vinculada do FGTS, e só podem ser sacados nos casos previsto em lei – como, por exemplo, na aposentadoria ou para compra da casa própria.

Em fevereiro desse ano, o presidente Lula criticou o processo de privatização da Eletrobras, que chamou de “errático”, “lesa-pátria” e “quase que uma bandidagem”.

Para Lula, os termos da privatização da Eletrobras são “leoninos” contra o governo porque impedem que a União volte a ter controle acionário da empresa.

“Foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria na Eletrobras. Nós, inclusive, possivelmente o advogado-geral da União, [ele] vai entrar na Justiça para que a gente possa rever esse contrato leonino contra o governo”, disse o presidente, na ocasião.

Em maio, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para barrar pontos da privatização da Eletrobras.

O governo questiona as partes da lei da desestatização da Eletrobras que tratam sobre o poder de voto dos acionistas. O governo entende que a lei diminuiu irregularmente o peso dos votos a que teria direito.

O poder público tem 42,61% das ações ordinárias da Eletrobras. Mas, devido à lei da desestatização da Eletrobras, a proporção de votos do governo foi limitada a 10%. Isso porque a privatização transformou a Eletrobras numa “corporation”, uma empresa de capital privado sem acionista controlador.

Por isso, nenhum acionista tem poder de voto superior a 10%, mesmo com maior número de ações ordinárias. O mecanismo foi incluído na lei de privatização para evitar que um grupo privado, por exemplo, assumisse o controle da empresa.

De acordo com Einar Rivero, diretor comercial da plataforma TradeMap, as declarações de Lula e as ações do governo influenciaram o preço das ações.