Eleições 2024: Guerra declarada em Maricá
Redação Rio Notícias
As eleições municipais de 2024 já estão aquecendo o clima político em muitos municípios do estado. O Rio Interior fará uma série de reportagens especiais para tratar do tema que já agita os bastidores em todas as esferas do poder: câmaras municipais, prefeituras, assembleia legislativa e governos do estado e federal.
Uma das cidades que terá uma eleição municipal extremamente pautada na política nacional é Maricá, que há quase 16 anos é governada pelo PT. O ex-prefeito, Washington Quaquá, deputado federal eleito pelo PT no ano passado, já se colocou no páreo. Por outro lado, representando a extrema direita surge o deputado estadual Filippe Poubel (PL). Analistas apontam que dificilmente surgirá uma terceira opção para os maricaenses e a disputa será acirrada, trazendo à tona novamente a disputa nacional entre o PT do presidente Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Se a polarização nas eleições presidenciais de 2022 foram marcadas por farpas, acusações de ambos os lados, fake news, ameaças e insultos, o estilo de Quaquá e Poubel já anuncia que o clima em Maricá será tenso e agressivo, pois ambos tem como característica uma política agressiva contra seus adversários.
O atual prefeito de Maricá, Fabiano Horta (PT) é considerado um fenômeno nas urnas. Já foi vereador e deputado federal e na sua primeira disputa à prefeitura, em 2016, venceu com 39.128 votos (96,12%), sendo reeleito depois com 88,09% dos votos válidos (76.285 votos), a maior porcentagem de votos em todo o estado do Rio de Janeiro. Em ambas as eleições teve apoio de Quaquá, seu líder político.
Com tanto apelo popular, seria natural Horta indicar seu sucessor para 2024. Nome muito citado na cidade é o do deputado estadual Renato Machado (PT), que foi chefe de gabinete de Horta quando o mesmo foi vereador e também secretário de Governo. Mas a conjuntura de Maricá perante o cenário nacional, tem levado setores do Partido dos Trabalhadores a priorizar a eleição na cidade como estratégica no cenário nacional. Ou seja, o PT não poderia perder na cidade. E Quaquá, vice presidente nacional do partido, tem influência suficiente para garantir que ele próprio seja o candidato.
Do outro lado surge o deputado bolsonarista Filippe Poubel. Ele já perdeu uma eleição para vereador, em 2012, e venceu em 2016 quando estava no DEM. Em 2018, foi eleito deputado estadual pelo PL e desde então se apresenta como oposição ao governo de Maricá e um dos defensores do estilo do ex-presidente Bolsonaro no estado.
Em recente post em suas redes sociais, o deputado Poubel, ao lado de um correligionário pré candidato a vereador, diz: “… conte comigo nessa guerra”, dando já o tom que se aproxima no pleito do próximo ano em Maricá.
O posicionamento do governador Cláudio Castro (PL) ainda não está claro, mas a tendência é que siga no apoio à Poubel caso ele permaneça no PL. Mas ainda existe, apesar da forte especulação e silêncio de Castro sobre o tema, que o governador troque de sigla. Nada confirmado, mas os bastidores sinalizam que Castro buscaria abrigo numa legenda mais ao centro para evitar atritos com o governo federal.
Outra peça importante neste xadrez político é o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa), Rodrigo Bacelar. O deputado se filiou ao União Brasil e hoje é nome forte na política fluminense, principalmente nas articulações pelo interior, já que é oriundo de Campos dos Goytacazes. Porém, com tantas eleições que devem contar com sua participação mais efetiva, é possível que Bacelar deixe essa disputa de Maricá de lado por entender que não teria muita influência. A conferir.
Ainda estamos a mais de 1 ano das eleições, mas a população da cidade de Maricá, agora com 197.300 habitantes (segundo Censo do IBGE 2022), pode se preparar para fortes emoções.