Pelag: planejamento e conjunção de fatores ajudam na prevenção contra incêndios
Parque Estadual da Lagoa do Açu teve ações e cuidados redobrados nos últimos meses para evitar o fogo
A poucas semanas para a chegada da temporada de chuvas, prevista para meados de outubro, a direção do Parque Estadual da Lagoa do Açu (PELAG), entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra, no Norte Fluminense, vem colhendo frutos do planejamento para evitar incêndios florestais. Com 14 km de litoral e grandes áreas de banhados, que dificultam a propagação do fogo, a vegetação é de restinga e pouco propensa a incêndios. Gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a unidade integrou o Projeto Fumaça Zero, de treinamento para evitar e combater incêndios.
“Foi uma grande mobilização de planejamento estratégico em todo o Estado envolvendo INEA, Defesa Civil Estadual e municipais, Corpo de Bombeiros para que estivéssemos preparados para a estação seca, quando são comuns os incêndios florestais”, explicou o gestor do PELAG, Samir Mansur. Ele lembra que a reunião local, em julho, planejou respostas rápidas em caso de incêndio nas unidades de conservação estaduais da região.
No caso do PELAG, a unidade realiza mensalmente o trabalho de notificação no entorno do parque, principalmente junto aos pequenos produtores rurais e pecuaristas. O cuidado se estende também ao combate à caça, atividade clandestina. “Os caçadores costumam atear fogo nas taboas para espantar capivaras e jacarés, para que possam caçar. O trabalho de vigilância com drones tem ajudado e, em média, temos registrado apenas de duas a três ocorrências dessas por ano”, observou.
Outro quesito favorável, segundo Mansur, é a própria característica da vegetação e das grandes extensões de água do parque. “Nosso parque é de restinga, que não costuma acumular serrapilheira, formada por folhas secas e gravetos, que facilitam a combustão. E como a unidade é mais de 70% coberta por água, a área de vegetação é proporcionalmente menor”, explicou Mansur.
Criação – Criado por decreto estadual em março de 2022, o PELAG possui 8.251 hectares, sendo mais de 90% no lado de Campos. A vegetação de Mata Atlântica com “tipologia” de restinga registra a presença de alagados e mangue, com importantes áreas do Banhado da Boa Vista, da Lagoa do Açu, com 13 km de extensão no litoral, e parte da Lagoa Salgada, no limite com São João da Barra. Com sua característica vegetação “fixadora de dunas”, possui trilhas para caminhadas e áreas consideradas de lazer, visitadas em geral nos fins de semana para piqueniques, banhos e práticas de esportes aquáticos.
Unidade de conservação de proteção integral, o PELAG é também importante espaço para pesquisadores de universidades brasileiras e internacionais, notadamente por ser rota de aves migratórias. A Lagoa Salgada é a única da América do Sul onde são encontrados estromatólitos carbonáticos do período pré-cambriano. Entre as espécies mais comuns da flora estão a Clúsia, a Quixabeira, a Pitangueira, o Araçá e a Aroeira. E na fauna destacam-se o Ouriço-cacheiro, o Tamanduá-mirim, o Gaturamo-rei e a Saíra-Sapucaia, dentre outros.