Porto do Açu e Petrobras assinam contrato para pré-descomissionar três plataformas
Estatal planeja investir US$ 9,8 bilhões em descomissionamento, incluindo o abandono de poços, no período de 2023 a 2027
O Porto do Açu, em São João da Barra (RJ) assinou, na última segunda-feira (4) contrato com a Petrobras para pré-descomissionar três plataformas, noticiou o site Petróleo Hoje. A previsão é que até duas unidades cheguem ainda este ano. Segundo a publicação, o acordo prevê a atracação temporária das unidades de produção da estatal para a realização de atividades prévias ao desmantelamento das estruturas. O valor do contrato não foi divulgado.
CEO do Porto do Açu, José Firmdo disse que a iniciativa é um início de um “potencial hub de descomissionamento” no complexo logístico-industrial. Na avaliação dele, o Brasil está prestes a implantar um modelo inédito de desmonte de topsides através do conceito de destinação sustentável proposto pela Petrobras.
“Ela (a Petrobras) está inaugurando um novo conceito que deve perdurar no país pelos próximos trinta anos. Para o Açu, é extraordinário estar na gênese deste processo”, afirmou ao PetróleoHoje. Segundo ele, a infraestrutura do Porto do Açu está pronta para receber simultaneamente as três plataformas. O prazo de mobilização é de 60 dias. Até lá, serão feitos pequenos ajustes no cais para abrigá-las.
Uma delas será a P-32, cujo contrato de descomissionamento foi arrematado pelo consórcio Ecovix / Gerdau em junho. De acordo com a Petrobras, ainda estão previstos os desmantelamentos de duas FPSOs e uma plataforma submersível para este ano.
Enquanto isso, o CEO já vislumbra os próximos passos para fortalecer a posição do Açu no filão do descomissionamento. “Pode ser que a gente consiga expandir no próximo ano, por exemplo, para o upcycling, de modo a fomentar a economia circular no Brasil. Tem uma série de aspectos que estamos considerando no futuro. A intenção é expandir”, disse.
Indagado se o Porto do Açu tem planos para atuar diretamente no desmonte das plataformas, Firmo pontuou que o foco reside em outras soluções de engenharia. “Não vemos uma opção imediata de dique seco no Açu”, garantiu. Mas ele destaca que será muito fácil iniciar e expandir o hub. “O Açu já tem uma vocação natural para condensar o hub subsea e expandir para um hub de descomissionamento de topside“, antecipou.
Por fim, o executivo chama atenção para o fato de que o desmanche de plataformas pode impulsionar a produção de aço de baixo carbono no Brasil. “Diante da quantidade de plataformas que temos, faz todo sentido descomissioná-las, criar conteúdo local, desenvolver a cadeia produtiva e descarbonizar a nossa indústria siderúrgica com sucata. Não podemos deixar a oportunidade escapar do país”, alertou.
Por sua vez, o diretor de Administração Portuária de Porto do Açu, Vinícius Patel, reforçou que o empreendimento possui uma infraestrutura náutica impar para abrigar modelos integrados de projetos de descomissionamento que visem à economia circular.
“Temos no Açu uma infraestrutura que poupa muito tempo de mobilização. No que se refere à parte de bioincrustação de coral-sol, por exemplo, temos um dos poucos terminais brasileiros capazes de realizar este tipo de serviço. E fazemos tudo isso com 100% de conteúdo nacional”, finalizou.
Ao todo, a Petrobras planeja investir US$ 9,8 bilhões em descomissionamento, incluindo o abandono de poços, no período de 2023 a 2027. Isso inclui 26 plataformas, 360 poços marítimos e 2,5 km de risers.
Fonte: Petróleo Hoje – Editora Brasil Energia