Usina em Campos pode ser tombada por interesse histórico
O complexo Cambahyba engloba sete fazendas
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em primeira discussão, nesta terça-feira (22/10), o Projeto de Lei 2.360/23, de autoria original da deputada Marina do MST (PT) e do presidente da Casa, deputado Rodrigo Bacellar (União), para determinar o tombamento por interesse histórico da Companhia Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, usada durante a ditadura cívico-militar para incinerar o corpo de desaparecidos políticos. A medida precisa passar por uma segunda votação em plenário.
O tombamento tem como objetivo proteger o local de modificações que possam comprometer sua integridade histórica. O projeto impede qualquer destruição ou descaracterização da área, permitindo somente intervenções que estejam em conformidade com princípios de preservação e que promovam a criação de um espaço cultural. No depoimento do ex-delegado Cláudio Guerra à Comissão Nacional da Verdade, ele admitiu ter incinerado, nas instalações da usina, os corpos de 12 desaparecidos políticos, entre eles Ana Rosa Kucisnky e Fernando Santa Cruz.
Marina do MST, autora do projeto, ressaltou que o tombamento da usina é essencial para garantir o direito à memória e à justiça pelas violações dos direitos humanos ocorridas no local. Ela destacou a importância de lembrar a resistência de grupos oprimidos na região de Campos, marcada por conflitos sociais.
Além de seu papel na ditadura, o Complexo Cambahyba, que engloba sete fazendas, também foi palco de disputas mais recentes. Considerado improdutivo desde 1998, o local foi alvo de reivindicações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2021, a Justiça Federal desapropriou uma das fazendas para reforma agrária, o que resultou no Acampamento Cícero Guedes, habitado por 300 famílias.
O projeto conta com coautoria de 13 deputados, incluindo Luiz Paulo (PSD), Carlos Minc (PSB), Jari Oliveira (PSB) e Elika Takimoto (PT).