MST ocupa propriedade às margens da BR-101, em Campos
Polícia foi acionada para garantir “a segurança e a ordem”
Em torno de 300 famílias ligadas ao Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, nesta segunda-feira (15), uma propriedade às margens da BR 101, no distrito de Conselheiro Josino, em Campos. Os organizadores dizem que a ocupação faz parte da Jornada Nacional em Defesa da Reforma Agrária, o Abril de Lutas. Policiais Militares e Civis, da 146ª DP Guarus, foram acionados na tentativa de impedir a ocupação. Um helicóptero também foi utilizado na operação.
Em nota, a PM afirmou que o objetivo da operação é garantir a segurança e a ordem.
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, nesta segunda-feira (15), equipes da corporação e da Polícia Civil desencadearam uma operação conjunta na região do Morro do Coco, no Município de Campos dos Goytacazes-RJ. A ação tem como objetivo central garantir a segurança e a ordem na região diante da possibilidade de invasões ilegais a propriedades locais. Participam da operação equipes do 8º BPM (Campos dos Goytacazes) e da 146ª DP, munidas de dados estratégicos compartilhados que norteiam a estratégia de atuação. O Grupamento Aeromóvel (GAM) da SEPM também foi acionado para dar apoio aéreo às ações. O comando do 8º BPM e o delegado titular da 146ª DP conduzem diretamente a operação”, diz a nota.
O Sindicato Rural de Campos diz acompanhar com preocupação a ocupação do MST na cidade. Segundo o presidente, Ronaldo Batholomeu, “o posicionamento do Sindicato é para que os produtores tenham cautela e prevenção dentro das medidas legais cabíveis. Sem excessos para manter a paz no campo. Não existe nenhum mapeamento. Quem pensa em infringir a lei, geralmente não faz alardes”.
O MST e o Ministério Público Federal questionam o Governo do Rio de Janeiro, que, supostamente, estaria agindo para impedir movimentos sociais. De acordo com uma nota do MST, a luta pela terra vem sendo criminalizada pelo governo fluminense.
“Trata-se de uma aliança entre proprietários rurais e agentes dos órgãos de segurança pública, são milícias rurais sob a alcunha de invasão zero. Por isso não aceitamos que as polícias de Campos dos Goytacazes continuem movendo esforços para impedir o direito de reunião, a liberdade de associação, o cooperativismo e a efetivação do direito à reforma agrária. Ocupamos para denunciar a intimidação e coerção das polícias Civil e Militar do Estado Rio de Janeiro que ignoram que a Reforma Agrária é uma política pública constitucional, A ocupação exige a necessária e imediata regularização e seleção das famílias do Assentamento Cícero Guedes, que lutam há mais de 20 anos e que devem ter garantido o seu direito à terra”, diz um trecho do documento enviado à imprensa e às autoridades